Entenda o distrato imobiliário e como ele protege compradores arrependidos

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A compra de um imóvel é uma das decisões financeiras mais importantes da vida de uma pessoa. 

No entanto, muitas vezes os compradores podem se arrepender ou enfrentar dificuldades para honrar os compromissos assumidos.

Nesse contexto, o distrato surge como uma opção legal para rescindir ou modificar os termos de um contrato imobiliário.

O mercado imobiliário brasileiro possui regulamentações específicas que visam proteger tanto os compradores quanto os vendedores.

Ao entender como funciona o distrato e sua importância, os compradores podem tomar decisões melhores e evitar possíveis prejuízos.

O que é o distrato imobiliário e sua importância no mercado brasileiro

distrato imobiliário

O distrato imobiliário surge como uma solução para compradores arrependidos ou que enfrentam dificuldades em honrar os contratos imobiliários. 

No mercado brasileiro, essa ferramenta jurídica desempenha um papel importante, oferecendo uma saída legal para aqueles que desejam cancelar contratos de compra e venda de imóveis.

A compreensão do distrato imobiliário é essencial para qualquer pessoa envolvida no mercado imobiliário, seja como comprador, vendedor ou corretor de imóveis

Isso porque os contratos imobiliários são documentos complexos que envolvem grandes somas de dinheiro e compromissos de longo prazo.

O distrato imobiliário é definido legalmente como o ato de desfazer um contrato de compra e venda de imóvel, resultando na restituição das partes ao estado anterior ao acordo. 

Segundo a Lei nº 13.786/2018, conhecida como a Lei do Distrato, os compradores têm direito à devolução dos valores pagos, corrigidos monetariamente.

Essa definição legal serve para entender os direitos e obrigações tanto dos compradores quanto dos vendedores ou construtoras.

Diferença entre distrato e rescisão contratual

Embora ambos os termos sejam usados no contexto de contratos, o distrato e a rescisão contratual têm significados distintos. 

O distrato refere-se especificamente ao acordo mútuo entre as partes para desfazer o contrato, enquanto a rescisão pode ser unilateral e frequentemente envolve uma decisão judicial.

No contexto imobiliário, o distrato é geralmente mais rápido e menos oneroso do que a rescisão contratual, tornando-se uma opção preferível para muitos compradores e vendedores.

A legislação brasileira sobre o distrato imobiliário

A legislação brasileira sobre distrato imobiliário ajuda a entender os direitos dos compradores. O mercado imobiliário brasileiro é regulamentado por diversas leis que visam proteger os consumidores e garantir a segurança das transações.

Lei nº13.786/2018: a Lei do Distrato

A Lei nº13.786/2018, conhecida como a Lei do Distrato, trouxe significativas mudanças no cenário do mercado imobiliário brasileiro. 

Esta lei estabelece regras claras para o distrato de contratos de compra e venda de imóveis, oferecendo mais segurança jurídica para compradores e vendedores.

Com a Lei do Distrato, os compradores passaram a ter mais direitos e garantias em caso de arrependimento ou impossibilidade de cumprimento do contrato.

Direitos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor

Além da Lei do Distrato, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) também desempenha um papel fundamental na proteção dos compradores. O CDC garante direitos básicos, como a proteção contra cláusulas abusivas e a restituição de valores pagos indevidamente.

Esses direitos são importantes para equilibrar a relação entre consumidores e fornecedores no mercado imobiliário.

Situações em que o distrato imobiliário pode ser aplicado

lei distrato imobiliário

O distrato imobiliário é uma ferramenta legal que permite a rescisão de contratos de imóveis de forma amigável entre as partes envolvidas.

Imóveis na planta

Os imóveis na planta são aqueles que ainda estão em construção. Nesses casos, o distrato imobiliário pode ser aplicado quando há atrasos na entrega ou quando o imóvel não atende às especificações prometidas. 

A Lei do Distrato, estabelece regras claras para a rescisão desses contratos, garantindo direitos tanto para os compradores quanto para as construtoras.

Imóveis usados

Imóveis usados também podem ser objeto de distrato imobiliário. Embora a Lei do Distrato se aplique mais diretamente a imóveis na planta, os contratos de compra e venda de imóveis usados podem incluir cláusulas que permitam a rescisão do contrato. 

É importante que as partes verifiquem as condições contratuais para entender os termos do distrato.

Contratos de aluguel

Embora o distrato seja mais comumente associado à compra e venda de imóveis, os contratos de aluguel também podem ser rescindidos por meio de um acordo entre as partes. 

O contrato de aluguel de imóveis pode prever situações em que o locatário ou o locador deseja rescindir o contrato antes do prazo estabelecido, e o distrato pode ser uma solução amigável para ambas as partes.

O processo de distrato imobiliário passo a passo

Para efetivar um distrato imobiliário, é necessário seguir um processo estruturado que inclui notificação, negociação e formalização. 

Este processo visa garantir que todas as partes envolvidas estejam cientes de seus direitos e obrigações.

Notificação formal à construtora ou vendedor

O primeiro passo no processo de distrato é a notificação formal à construtora ou ao vendedor. 

Esta notificação deve ser feita por escrito e entregue pessoalmente ou por meio de serviço de entrega notificado, como o correio com aviso de recebimento. 

É fundamental que a notificação contenha informações claras sobre a intenção de distratar o contrato, incluindo a identificação do contrato e as razões do distrato.

Negociação dos termos do distrato

Após a notificação, inicia-se a fase de negociação dos termos do distrato. Nesta etapa, as partes envolvidas discutem as condições sob as quais o contrato será rescindido. 

Isso inclui a definição dos valores a serem restituídos, às penalidades aplicáveis e quaisquer outras condições específicas. 

É recomendável que as negociações sejam documentadas e que as partes busquem orientação jurídica para garantir que seus direitos sejam protegidos.

Formalização do documento de distrato

Uma vez acordados os termos do distrato, é necessário formalizar o documento de distrato. Este documento deve ser assinado por todas as partes envolvidas e deve conter todos os detalhes acordados durante a negociação. 

A formalização do distrato evita futuras disputas e garante que o processo seja concluído de forma legal e definitiva.

Cláusulas essenciais em um contrato de distrato imobiliário

contrato de distrato imobiliário

Um contrato de distrato imobiliário bem estruturado protege os direitos de todas as partes envolvidas. 

Este tipo de contrato deve incluir cláusulas claras para evitar mal-entendidos e garantir a legalidade do processo.

Identificação das partes e do imóvel

A identificação correta das partes envolvidas (comprador e vendedor ou construtora) e do imóvel objeto do distrato é fundamental. 

Isso inclui informações como nome completo, CPF ou CNPJ, endereço completo do imóvel, e detalhes da escritura ou contrato de compra e venda. Essa cláusula assegura que todas as partes estejam cientes de quem está envolvido e do que está sendo distratado.

Valores a serem restituídos

Outra cláusula essencial diz respeito aos valores que serão restituídos ao comprador. Isso pode incluir o valor pago até a data do distrato, além de quaisquer outros valores previstos no contrato original, como parcelas de financiamento ou taxas. É importante especificar como esses valores serão devolvidos e em que condições.

Prazos para devolução e quitação de obrigações

Os prazos para a devolução dos valores e a quitação das obrigações contratuais também devem ser claramente definidos no contrato de distrato. 

Isso inclui a data limite para a construtora ou vendedor devolver os valores ao comprador, bem como a quitação de quaisquer obrigações pendentes, como parcelas de financiamento ou taxas administrativas.

Direitos do comprador no distrato imobiliário

O distrato, ou rescisão contratual, envolve várias nuances legais que protegem tanto os compradores quanto os vendedores.

Percentual de reembolso garantido por lei

A Lei do Distrato estabelece os direitos dos compradores em caso de rescisão contratual. 

De acordo com essa lei, os compradores têm direito a um reembolso de até 80% do valor pago, dependendo das condições contratuais e do estágio da obra.

Os compradores devem estar cientes dessas condições para garantir que recebam o reembolso adequado.

Prazos legais para devolução dos valores

A mesma lei estabelece prazos específicos para a devolução dos valores pagos. Geralmente, a devolução deve ocorrer em até 30 dias após a assinatura do distrato, mas isso pode variar dependendo das especificidades do contrato.

Proteção contra cláusulas abusivas

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) protege os compradores contra cláusulas abusivas que possam estar presentes nos contratos imobiliários.

Cláusulas que desproporcionalmente penalizam o comprador ou omitem obrigações do vendedor são consideradas abusivas e podem ser contestadas.

  • Verificar se o contrato contém cláusulas que violem o CDC.
  • Entender os direitos garantidos pelo CDC em caso de distrato.
  • Buscar orientação jurídica para contestar cláusulas abusivas.
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Obrigações e penalidades para o comprador no distrato

Compradores que optam pelo distrato imobiliário precisam estar cientes das implicações legais e financeiras. 

O distrato, embora seja uma saída legal para compradores insatisfeitos ou que enfrentam dificuldades, envolve obrigações e penalidades que devem ser compreendidas.

Ao decidir pelo distrato, o comprador deve estar preparado para possíveis consequências financeiras e legais. É essencial entender que o distrato não é isento de custos ou penalidades.

Multas permitidas por lei

A Lei estabelece limites para as multas aplicadas em casos de distrato. Para imóveis na planta, a multa máxima que pode ser cobrada do comprador é de 25% do valor total pago. Já para imóveis prontos, a multa pode variar de acordo com o contrato, mas geralmente não ultrapassa esse percentual.

Retenção de valores pela construtora ou vendedor

Além das multas, a construtora ou vendedor pode reter parte dos valores pagos pelo comprador para cobrir custos administrativos e operacionais. Essa retenção deve ser justificada e estar de acordo com o contrato inicial.

Custos administrativos e operacionais

Os custos administrativos e operacionais associados ao distrato podem incluir taxas de processamento, honorários advocatícios, e outros gastos incorridos pela construtora ou vendedor durante o processo. 

Esses custos são geralmente deduzidos dos valores a serem restituídos ao comprador.

É fundamental que o comprador leia atentamente o contrato inicial e compreenda todas as cláusulas relacionadas ao distrato, incluindo multas, retenção de valores e custos administrativos, para evitar surpresas desagradáveis.

Diferenças do distrato imobiliário para imóveis na planta e prontos

A legislação brasileira estabelece regras distintas para o distrato de imóveis em construção e imóveis concluídos. Essa distinção serve para que compradores e vendedores entendam seus direitos e obrigações.

Regras específicas para imóveis em construção

Para imóveis na planta, o distrato é regido por leis específicas que consideram a natureza do contrato de incorporação imobiliária. Algumas dessas regras incluem:

  • Devolução de valores pagos corrigidos monetariamente;
  • Possibilidade de retenção de até 25% do valor pago pela construtora;
  • Prazo de 180 dias para a construtora devolver os valores retidos.

Essas regras visam proteger tanto o comprador quanto a construtora, estabelecendo um equilíbrio entre as partes.

Particularidades do distrato em imóveis concluídos

Já para imóveis prontos, o processo de distrato pode ser diferente, pois geralmente envolve contratos de compra e venda mais tradicionais. Algumas particularidades incluem:

  • Negociação direta entre as partes;
  • Possibilidade de acordos específicos sobre a devolução de valores;
  • Menor intervenção legal comparada aos imóveis na planta.

Como fica a comissão do corretor de imóveis em caso de distrato?

comissão corretor de imóveis

Direito à comissão em caso de arrependimento das partes

  • O Código Civil (Art. 725) estabelece que o corretor tem direito à remuneração se conseguiu o resultado previsto no contrato de mediação, mesmo que o negócio não se efetive por arrependimento das partes.
  • No entanto, a Lei do Distrato (Lei 13.786/2018) prevê que, se o comprador exercer o direito de arrependimento dentro do prazo de 7 dias (em contratos assinados em estandes de venda ou fora da sede do incorporador), todos os valores pagos, incluindo a comissão de corretagem, devem ser devolvidos.

Distrato por atraso na entrega do imóvel

  • Se o distrato ocorrer devido a atraso na entrega do imóvel por culpa da construtora/incorporadora (ex.: mais de 180 dias do prazo contratual), o comprador tem direito à devolução integral dos valores pagos, incluindo a comissão de corretagem.
  • Nesse caso, como o corretor cumpriu sua obrigação de intermediar o negócio, a construtora deve arcar com o pagamento da comissão, mas o valor será restituído ao comprador junto com os demais valores.

Distrato por inadimplemento do comprador

  • Se o distrato ocorrer por inadimplemento do comprador (ex.: falta de pagamento), a comissão do corretor pode ser retida pela construtora, e o comprador perde o direito à restituição desse valor.
  • A Lei do Distrato permite que a construtora retenha parte dos valores pagos (até 50% em casos de patrimônio de afetação), incluindo a comissão de corretagem.

Obrigação de resultado do corretor

  • A comissão de corretagem é considerada uma obrigação de resultado: o corretor só tem direito ao pagamento se o negócio for concretizado (ou se o distrato ocorrer por motivos alheios à sua atuação, como arrependimento das partes).
  • Se o distrato ocorrer por falha do corretor (ex.: informações incorretas ou negligência), ele não terá direito à comissão.

Previsão contratual

  • O contrato de corretagem deve definir claramente as condições de pagamento da comissão, incluindo situações de distrato. A Lei do Distrato exige que os contratos imobiliários incluam um “quadro-resumo” com informações sobre a corretagem e seu beneficiário.

Como negociar condições mais favoráveis no distrato imobiliário

Negociar condições favoráveis no distrato imobiliário exige conhecimento e estratégia. Compradores que buscam rescindir um contrato imobiliário precisam estar preparados para negociar com as construtoras ou vendedores.

Estratégias de negociação com construtoras

Para negociar, é importante entender as estratégias que podem ser empregadas. Isso inclui:

  • Conhecer os termos do contrato original e identificar possíveis brechas.
  • Ter documentação completa e organizada.
  • Estar ciente dos direitos garantidos por lei.

Além disso, manter uma postura assertiva e respeitosa durante as negociações pode ajudar a alcançar um acordo mais favorável.

Documentação necessária para fortalecer a posição do cliente

Ter a documentação correta serve para fortalecer sua posição durante a negociação. Isso inclui:

  • Cópias do contrato original.
  • Comprovantes de pagamento.
  • Correspondências trocadas com a construtora ou vendedor.

Quando aceitar ou recusar uma proposta

Avaliar se uma proposta de distrato é aceitável depende de vários fatores, incluindo os termos financeiros e as condições propostas. É importante:

  • Analisar cuidadosamente os termos da proposta.
  • Considerar a possibilidade de negociação adicional.
  • Ter aconselhamento jurídico, se necessário.
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Quando buscar apoio jurídico para o distrato imobiliário

O apoio jurídico é fundamental para navegar pelas complexidades do distrato imobiliário. 

Compradores e vendedores frequentemente se encontram em situações difíceis ao tentar rescindir um contrato, e um advogado qualificado pode oferecer orientação.

Existem vários sinais que indicam a necessidade de buscar apoio jurídico durante o processo de distrato imobiliário. Alguns desses sinais são:

  • Dificuldades na negociação com a construtora ou vendedor.
  • Cláusulas contratuais complexas ou abusivas.
  • Incerteza sobre os direitos e obrigações legais.
  • Desacordo sobre os valores a serem restituídos.

O futuro do distrato imobiliário: tendências e mudanças esperadas no mercado brasileiro

Com a crescente demanda por imóveis e a complexidade dos contratos imobiliários, entender o futuro do distrato é fundamental para os profissionais do setor.

As tendências indicam uma maior regulamentação e proteção ao consumidor, o que pode influenciar significativamente as práticas de distrato. A Lei do Distrato, já trouxe mudanças importantes, mas espera-se que futuras revisões e novas legislações continuem a moldar o mercado.

Mudanças esperadas incluem uma maior transparência nos contratos e uma definição mais clara dos direitos e deveres das partes envolvidas. 

O futuro do distrato imobiliário também está ligado à capacidade do mercado de se adaptar às novas necessidades dos consumidores e às condições econômicas. 

Corretores de imóveis e imobiliárias devem estar preparados para essas mudanças, garantindo que os compradores recebam a proteção e o suporte necessários.

Leia também: Desapropriação de imóveis: entenda como funciona e os direitos do proprietário

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